sexta-feira, 29 de julho de 2016

Foram tempos...


Ao desejo, à
sombra aguda
do desejo, eu me 
abandono.
Meu ramo de coral,
meu areal, meu
barco de oiro, eu
me abandono.
Minha pedra de orvalho,
meu amor, meu punhal,
eu me abandono.
Minha lua queimada.
violada, colhe-me,
recolhe-me: eu me
abandono.
[Eugénio de Andrade]

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