"Ah!
Eu que pensava estar a dar-lhe tanto! E ele a mim... E esse dar e
receber parecia tão certo! Não em termos de coisa calculada, não no
calcular do que seria bom para as pessoas que éramos antes, para a nova
pessoa, nós. Se pudesse sentir como dantes, mesmo agora tudo me parecia
certo. Mas foi então que descobri que éramos apenas uns estranhos (...)
Será que só podemos amar o que é criado pela nossa imaginação? Seremos
todos nós, de facto, não amantes nem amáveis? Se assim é, cada um de nós
é um ser sozinho e então tão irreal é o que ama como o amado, e quem
sonha não é mais real do que os seus sonhos."
("- Que lhe parece ele agora?")
"Uma
criança a divagar por uma floresta adiante, a brincar com um
companheiro imaginário, e que de repente descobre que é apenas uma
criança sozinha, perdida numa floresta, e que quer ir para casa. (...)
Mas mesmo que encontre o meu caminho para sair da floresta, ficarei com a
inconsolável lembrança do tesouro que fui procurar à floresta, sem o
ter conseguido nunca encontrar, pois não estava lá, e talvez nem se quer
esteja em parte alguma; porque hei-de sentir-me culpada de o não ter
descoberto? (...) O que aconteceu é sempre recordado como um sonho em
que nos exaltamos pela intensidade de amar em espírito, numa vibração de
deleite sem desejo, pois o desejo é saciado pelo deleite de amar. É um
estado que não conhecemos, quando acordados. Mas aquilo ou quem eu amei
ou em mim estava amando, não o sei. E se nada disso significa qualquer
coisa, quero ser curada desta ansiedade por algo que não posso
encontrar, e que me curem da vergonha de nunca o encontrar."
[t.s. eliot]
[t.s. eliot]
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