segunda-feira, 5 de maio de 2014
O nó
de ter esperado tanto
eu risquei, eu rasguei, eu matei luas
nos abismos perversos
dos espelhos
e dancei na poalha
dos cinzéis
até as mãos chorarem sujas
por entre as fendas
dos muros
rasguei-me
na terra e nas árvores
para que da dor que sobrasse
se multiplicassem estátuas de chumbo
de lábios abertos e olhos
gigantes
por onde a escuridão morresse
e deixasse ao uivo dos lobos
a tarefa difícil de murmurar a luz
no coração da terra fria
por entre a água e a pedra
no peito dos pinheiros
por onde rebentavam as manhãs
amenas,
suaves, como eram
as tua mãos no meu rosto
ou a tua voz de abrigo
quando tropeçava naquela linha
onde se esconde o nó
da tristeza
[gil t.sousa]
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