quarta-feira, 23 de abril de 2014

País remoto, devastado

                              Isso
que chamamos “amigos”
e às vezes perdemos
porque o repuxo os carrega
sempre mais para o fundo:
para antes das ondas,
onde dormem os peixes;
para depois da memória,
onde morrem duas vezes

– isso desfaz-se
sombra
              que a luz
do farol atravessa.

*

            Isso
que é tábua
de solidão
a que nos
agarramos
quando falta o
chão e,
              náufragos,
sonhamos com terra

– isso é quase um país.

Mas esse país
não existe. Esse país
não presta

[Eduardo Sterzi]

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